terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Amor Original em "O Banquete"




Sabe quando a gente ainda estava no Segundo ou Terceiro Colegial, com aquelas aulas "chatas" de filosofia? Pois bem. Entre uma e outra atividade solicitada pelo professor, tive que ler "O Banquete", de Platão. Logo que recebi a tarefa, aproveitei para reclamar bastante por todos os cantos, afinal, era "um absurdo um professor nos pedir para ler uma obra tão antiga e difícil como aquela".

Mas não tive escolha. Peguei o livro e, vagarosamente, iniciei a leitura. O pedantismo foi indo embora e as dificuldades que, não vou negar, eram muitas, começaram a ser superadas. Realmente é um livro que exige bastante do leitor, com muitos termos complicados, frases e proposições, por vezes, enigmáticas. Mas a essência era interessante, e o tema, à primeira vista, simples: O AMOR.

Os filósofos, que se reuniram em um banquete para mais um discurso mediado por Sócrates, falavam do "Amor Original", vindo de Eros, o "Deus dos Deuses". Algumas opiniões são bastante emblemáticas, mas se pensadas e interpretadas, revelam verdades atemporais. Por isso, para dar continuidade e complementação à discussão do último post, apresento a vocês alguns trechos da obra:

“O amante faz tudo isso [serviços para o amado] com certa graça, o que lhe é permitido pela liberdade de nossos costumes, sem incidir na menor censura de ninguém, como se se tratasse de um ato louvabilíssimo. E o mais de admirar é que, no dizer do povo, somente o amante obtém perdão dos deuses, em caso de perjuro. Não há juras de amor, dizem. Desse modo, tanto os deuses como os homens concedem plena liberdade a quem ama, o que nossas leis confirmam.” (Segundo Pausânias)

"Quando acontece encontrar alguém a sua metade verdadeira, de um ou de outro sexo, ficam ambos tomados de um sentimento maravilhoso de confiança, intimidade e amor, sem que se decidam a separar-se, por assim dizer, um só momento. Essas pessoas, que passam juntas a vida, são, precisamente, as que não sabem dizer o que uma espera da outra. [...] E a razão disso é que primitivamente era homogêneo. A saudade desse todo e o empenho de restabelecê-lo é o que denominamos amor.[...] Falo em tese, tanto do homem como da mulher, para afirmar que nossa espécie só poderá ser feliz quando realizarmos plenamente a finalidade do amor e cada um de nós encontrar o seu verdadeiro amado, retornando, assim, à sua primeira natureza." (Segundo Aristófanes)

“Assim, múltiplo e grande, ou melhor, universal é o poder que em gera tem todo o Amor, mas aquele em torno do que é bom se consuma com sabedoria e justiça, entre nós como entre os deuses, é o que tem o máximo poder e toda felicidade nos prepara, pondo-nos em condições de não só entre nós mantermos convívio e amizade, como também com os que são mais poderosos que nós, os deuses.”
(Segundo Diotima)

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