sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ser feliz "apesar de"...

Hoje não apresento um artigo de autoria própria. Preferi  reconstruir a vocês uma frase que ouvi agora há pouco. À primeira vista, poderia me parecer simples, mas me fez pensar muito. Quem a pronunciou talvez esteja vivendo um dos momentos mais difíceis de sua vida, e no qual eu sequer ousaria mensurar quão tamanha é a dor que esteja sentindo.

Leia, pense e, principalmente, sinta cada palavra e o que o todo quer nos dizer:

"Nós precisamos tentar ser felizes também nos momentos difíceis, senão perdemos a visão de todas as outras coisas boas que nos cercam..."

Viver é arriscado. Viver é perigoso. Mas para quem sabe fazê-lo com maestria, os fatos e obstáculos ultrapassam o sentido de uma simples aventura: é lição, aprendizado. Oportunidade de elevar o espírito, tornando a sua presença na Terra digna de ser e estar.

Agradeço a este amigo que me proporcionou mais um belo exemplo de vida. E sei, com toda a convicção, de que a força com o qual está se revestindo, o fará vencedor desse grande desafio.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Este é o "futuro" que queremos?


As aparências realmente enganam. Há pouco mais de um mês, vivíamos, em nosso país, um momento de euforia social, com aquela já velha esperança de que o “país do futuro” está próximo. Entre as pessoas, a efervescência da idéia de que o Brasil é a potência mundial vindoura: supremacia na produção, valorização da moeda, exportação em alta, negócios e mais negócios... Com uma rica biodiversidade, ainda haveria muito o que se explorar: novas descobertas da medicina e da indústria química que prometem revolucionar a ciência. Não há que se negar que esta não é uma realidade distante. Mas, em meio a tanta euforia, alguém parou para pensar no principal motor da máquina econômica?

Estava tudo muito tranquilo: Lula praticamente encerrava o seu mandato sem qualquer alarde que pudesse manchar a sua história. As classes em situação de vulnerabilidade social já estavam conquistando alguns direitos, como o acesso ao Ensino Superior, através das Cotas e do Prouni, além de serem inseridas em programas que visavam a erradicação da fome e o fim do desamparo social. Como um pai que fecha a porta do quarto de seu filho, ao fazê-lo adormecer, Lula estava fechando a porta do Brasil, certo de que havia feito o seu trabalho.

Porém, uma bomba relógio já estava em contagem regressiva, aguardando o momento exato de eclodir: a violência social. Bastou que a agitação das eleições acabasse, e os criminosos do Rio de Janeiro ousaram ao tentar fazer valer a sua força e mostrar “quem é que mandava”. E se surpreenderam ao ver o poderio do Estado, através do trabalho da polícia e das forças armadas. Mas o “incêndio”, apagado às pressas e sem muito planejamento, deixou sequelas e pequenas fogueiras acesas: de que adianta uma guerra urbana como a que assistimos? Isso significa que o Rio de Janeiro é uma cidade segura? Não. Absolutamente.

Centenas de criminosos foram presos e transferidos de presídios, alguns morreram em tiroteios e outros continuam foragidos da polícia. A comunidade, “agora sim”, pode andar tranquila nas ruas... Mas isso evita que a escola do crime forme novos traficantes potenciais? O que podem fazer as crianças que continuam a crescer sem expectativas de uma vida digna? Infelizmente, há que se reconhecer que as escolas públicas estão longe de conseguirem, sozinhas, cumprir o seu trabalho. Ainda há um paradigma muito maior a se quebrar: o da deficiência no sistema educacional gratuito. Todos sabemos que a educação é o melhor caminho para se promover a cidadania. E no Brasil, faltam recursos, força de vontade administrativa e muito, muito incentivo para que as crianças carentes tenham acesso a uma educação de qualidade.

A explicação? Simples: melhor termos uma massa medíocre do que uma maioria pensante, que faz valer e acontecer. Será que, nesta segunda situação, o Brasil seria diferente? Não tenho dúvidas de que muita sujeira e corrupção já estariam bem longe dos centros de administração pública... Entretanto, a realidade está gritando aos novos ouvidos e vibrante aos nossos olhos:  o ciclo começa com a educação deficiente e termina com um sistema carcerário falido e ineficaz... E assim, nascem crianças com infindáveis perspectivas de futuro e que se reduzem a números nas celas ou com o destino interrompido em tiroteios e afrontas com a polícia.

A guerra continua. Contudo, é a guerra pela mudança que precisa acontecer. E se existe uma chance, é agora, quando o Brasil abre as suas cortinas e se prepara para ser o “país do futuro”...